O Astrólogo Védico

Jung e a Astrologia Védica: Revelações Astrológicas na Jornada do Inconsciente

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Introdução


Neste artigo, mergulharemos no mundo da psicologia analítica de Carl Gustav Jung e exploraremos como essa abordagem se conecta com a astrologia e os laços que Jung manteve com a Astrologia Védica. Prepare-se para uma jornada profunda e esclarecedora que nos permitirá compreender se há uma conexão entre a mente brilhante de Jung e os astros que podem nos guiar.

“A Astrologia e outros métodos de adivinhação certamente podem ser chamados de a ciência da antiguidade.”

Carl Gustav Jung

A Vida e Obra de Carl Gustav Jung


Antes de adentrarmos no cerne de nossa discussão, é essencial conhecermos a vida e obra desse grande mestre da psicologia. Carl Gustav Jung nasceu na Suíça em 1875 e se tornou uma figura seminal na psicanálise e no campo da psicologia analítica. Seus trabalhos revolucionários moldaram o modo como entendemos o inconsciente coletivo e os arquétipos que permeiam nossa psique tendo um enorme impacto no funcionamento do mundo moderno.

Jung, filho de um filólogo e pastor, viveu uma infância solitária, mas enriquecedora com uma imaginação vívida. Desde cedo, observou os comportamentos dos pais e professores, buscando penetrar o entendimento por trás de suas ações. Inquieto com a gradual perda da fé religiosa de seu pai, esforçou-se para compartilhar sua própria experiência do divino. Seu pai, que era, em muitos aspectos, afável e tolerante, contudo, não conseguiu decifrar completamente seu filho, o mesmo ocorrendo no sentido inverso.

Ainda que parecesse fadado a seguir a trilha familiar e abraçar a carreira clerical, Jung sentiu-se atraído pela filosofia durante a adolescência. Esse ímpeto, aliado às desilusões da juventude, instigou-o a romper com essa sólida tradição, seguindo, em vez disso, os trilhos da medicina e emergindo como um renomado psiquiatra. Ele frequentou as renomadas universidades de Basel (1895–1900) e Zürich (graduando-se em Medicina em 1902).

Seu destino tomou um rumo auspicioso ao integrar a equipe do Asilo Burghölzli da Universidade de Zürich em um momento singular (1900), quando era liderado por Eugen Bleuler, cujo interesse na psicologia gerara estudos pioneiros sobre distúrbios mentais. No ambiente do Burghölzli, Jung inaugurou a aplicação de testes de associação, obtendo êxito notório. Ele concentrou-se especialmente nas respostas peculiares e ilógicas dos pacientes diante de palavras-estímulo, desvendando que tais reações derivavam de agrupamentos de associações carregadas emocionalmente, mantidas na consciência por causa de seu conteúdo desconfortável, considerado imoral por eles, muitas vezes de cunho sexual. Foi ele quem cunhou o termo hoje amplamente reconhecido, “complexo”, para elucidar tais condições intricadas.

Explorando a Psicologia Analítica


A psicologia analítica de Jung se desvia substancialmente da abordagem tradicional da psicanálise freudiana. Jung sustentava a convicção de que nossa psique não se limitava ao inconsciente individual, mas abarcava igualmente o inconsciente coletivo, um reservatório de experiências e símbolos partilhados por toda a humanidade. Essa teoria lançou os fundamentos para a investigação dos arquétipos, elementos primordiais que exercem profunda influência sobre nossas emoções, comportamentos e percepções.

A Relação entre Jung e a Astrologia


Agora que absorvemos os alicerces da psicologia analítica, é chegada a hora de adentrarmos na visão junguiana acerca da astrologia e suas possíveis interações com o universo da mente humana. Jung não se autointitulava astrólogo, mas acolhia a perspectiva de que a astrologia possuía potencial para desvelar insights preciosos sobre os padrões arquetípicos entrelaçados em nossa jornada. Ele concebia a astrologia como um idioma simbólico capaz de desnudar os estratos mais profundos da nossa psique.

“Alguns procedimentos mânticos parecem ter caído no esquecimento, mas a astrologia, que em nosso próprio tempo alcançou uma proeminência jamais vista antes, continua muito viva. Nem mesmo o determinismo da época científica conseguiu extinguir por completo o poder persuasivo do princípio da sincronicidade.”

Carl Gustav Jung

Além de desenvolver novos métodos psicoterapêuticos advindos de sua própria experiência e das teorias por ele desenvolvidas, Jung conferiu uma nova e profunda importância à chamada tradição Hermética. Ele concebeu que a religião cristã fazia parte de um processo histórico essencial para o desenvolvimento da consciência. Além disso, acreditava que os movimentos heréticos, começando pelo gnosticismo e culminando na alquimia, eram manifestações de elementos arquetípicos inconscientes, inadequadamente expressos nas formas predominantes do Cristianismo.

Jung se impressionou especialmente ao constatar que símbolos semelhantes aos alquímicos eram frequentes em sonhos e fantasias modernas, levando-o a crer que os alquimistas haviam construído uma espécie de manual do inconsciente coletivo. Ele expôs essa perspectiva em quatro dos dezoito volumes que compõem sua Obra Completa.

A Sincronicidade e a Astrologia


Um conceito fundamental para entendermos a conexão entre Jung e a astrologia é o da sincronicidade. Jung definiu a sincronicidade como a ocorrência simultânea de eventos que não possuem uma relação causal aparente, mas que estão conectados por significados subjacentes. Na astrologia, observamos a posição dos astros no momento do nascimento de uma pessoa, o mapa astral, e acreditamos que isso pode influenciar aspectos de sua personalidade e destino. Essa correspondência entre eventos externos e internos pode ser entendida como sincronicidade.

O Mapa Astral e os Arquétipos


“O significado básico do horóscopo é que, ao mapear as posições dos planetas e suas relações mútuas (aspectos), juntamente com a distribuição dos signos do zodíaco nos pontos cardeais, ele oferece um retrato primeiro da constituição psíquica e depois da constituição física do indivíduo. Ele representa, essencialmente, um sistema de qualidades originais e fundamentais no caráter de uma pessoa, e, portanto, pode ser considerado como equivalente à psique individual.”

Carl Gustav Jung

O mapa astral, baseado na data, hora e local de nascimento de uma pessoa, é uma representação única dos posicionamentos dos planetas e astros no momento do seu nascimento. Jung via essa representação como uma manifestação simbólica dos arquétipos que governam nossa psique. Cada planeta e signo zodiacal tem seus próprios símbolos e significados, e sua combinação no mapa astral pode fornecer pistas sobre nossos desafios, talentos e propósitos.

Jung e B.V. Raman: Uma Amizade por Correspondência


Além de suas contribuições para a psicologia analítica e a astrologia, é interessante destacar a amizade e troca de correspondência entre Carl Gustav Jung e o ilustre astrólogo indiano B.V. Raman. Bangalore Venkata Raman, conhecido como B.V. Raman, nasceu em 8 de agosto de 1912, em uma família brâmane na cidade de Bangalore, na Índia. Desde jovem, demonstrou interesse e talento em astrologia e, ao longo de sua vida, tornou-se uma das figuras mais respeitadas nesse campo.

B.V. Raman foi autor de diversos livros e artigos. Ele e seus filhos fundaram o Indian Council Of Astrological Sciences, e foi um dos grandes fomentadores da astrologia do século passado. Entre suas obras estão livros importantissimos para qualquer aluno de astrologia védica, incluindo: Three Hundred Important Combinations; How to Judge A Horoscope; Astrology in Predicting Weather and Earthquakes; Notable Horoscopes, entre outros.

A relação entre Jung e Raman se iniciou nos anos 1940, quando Raman enviou uma carta para Jung, compartilhando seu profundo apreço por suas ideias e oferecendo informações sobre o sistema védico de astrologia, uma tradição milenar da Índia. Encantado com a abordagem de Raman, Jung prontamente respondeu e começou uma amizade intelectual marcada por uma troca de ideias fascinante. Em certo momento, Jung costumava trocar informações a respeito dos dados de nascimento de seus pacientes para receber opiniões a respeito dos indivíduos e verificar as similaridades com os seus diagnósticos.

As correspondências entre Jung e Raman foram registradas e revelam diálogos ricos sobre as semelhanças e diferenças entre a psicologia analítica ocidental e a astrologia védica. Ambos compartilhavam uma busca apaixonada pelo autoconhecimento e uma profunda curiosidade sobre o papel dos astros na jornada humana. As cartas trocadas ao longo dos anos fornecem um tesouro de informações sobre suas reflexões conjuntas, bem como uma valiosa perspectiva sobre como suas respectivas disciplinas poderiam se enriquecer mutuamente.

carta de jung para bv raman
Jung e a Astrologia Védica: Revelações Astrológicas na Jornada do Inconsciente 3

A carta de C.G. Jung



Kusnacht-Zch., 6 de setembro de 1947

CARTA AO PROFESSOR RAMAN,

Ainda não recebi A REVISTA ASTROLÓGICA, mas responderei à sua carta mesmo assim.

Como você quer saber minha opinião sobre astrologia, posso dizer que tenho interesse nessa atividade específica da mente humana há mais de 30 anos.

Como sou psicólogo, tenho um grande interesse na luz particular que o horóscopo lança sobre certas complexidades do caráter. Em casos de diagnóstico psicológico difícil, costumo obter um horóscopo para ter um ponto de vista adicional de um ângulo totalmente diferente.

Devo dizer que muitas vezes descobri que os dados astrológicos elucidavam certos pontos que eu, de outra forma, não teria sido capaz de entender. A partir dessas experiências, formei a opinião de que a astrologia é de particular interesse para o psicólogo, pois contém uma espécie de experiência psicológica que chamamos de “projetada” – isso significa que encontramos os fatos psicológicos, por assim dizer, nas constelações.

Isso originalmente deu origem à ideia de que esses fatores derivam das estrelas, embora estejam apenas em uma relação de sincronicidade com elas.

Eu admito que esse é um fato muito curioso que lança uma luz peculiar sobre a estrutura da mente humana.

O que sinto falta na literatura astrológica é principalmente o método estatístico pelo qual certos fatos fundamentais poderiam ser cientificamente estabelecidos.

Esperando que esta resposta atenda à sua solicitação.

Atenciosamente,

(Sd.) C.G. JUNG

Conclusão


Em conclusão, a relação entre Jung e a astrologia védica é uma jornada fascinante através dos mistérios da mente humana e do cosmos. Embora algumas pessoas possam questionar a validade da astrologia, não podemos negar o impacto significativo que a psicologia analítica de Jung teve na compreensão de nossa psique e da conexão entre o eu individual. Ao fazer o nosso mapa astral, temos mais uma ferramenta para aprofundar a busca em torno do nosso autoconhecimento. Quer fazer o seu mapa astral? dá uma olhada aqui! Quer saber mais sobre astrologia védica? Olha esse post! Quer expandir os seus conhecimentos sobre astrologia? Dá uma olhada no nosso curso!

FAQ


Quem foi Carl Gustav Jung?

Carl Gustav Jung foi um renomado psicólogo suíço nascido em 1875. Ele é conhecido por suas contribuições à psicologia analítica, explorando o inconsciente coletivo, os arquétipos e a interconexão entre mente e cosmos.

Qual é o mapa astral de Carl Jung?

Mapa astral de Carl Jung

Carl Jung nasceu em Kesswil, Thurgau, Suiça (47.5935° N, 9.3177° E) em 26 de Julho de 1875 as 19:29. Estes dados não são precisos.

Como Jung via a relação entre astrologia e psicologia?

Jung via a astrologia como um idioma simbólico capaz de revelar padrões arquetípicos presentes em nossa jornada de vida. Ele acreditava que a astrologia podia fornecer insights valiosos sobre a psique humana, assim como sua própria abordagem psicológica.

O que é sincronicidade na visão de Jung?

Sincronicidade, conforme descrito por Jung, é a ocorrência simultânea de eventos que não possuem uma relação causal aparente, mas estão conectados por significados subjacentes. Isso pode ser entendido como uma correspondência entre eventos externos e processos internos da mente.

Qual é a relação entre o mapa astral e os arquétipos?

Jung via o mapa astral como uma manifestação simbólica dos arquétipos presentes em nossa psique. Cada planeta e signo zodiacal possui símbolos e significados que podem oferecer insights sobre nossa personalidade, desafios e propósitos de vida.

Qual foi a relação entre Carl Gustav Jung e B.V. Raman?

Carl Jung e B.V. Raman eram dois estudiosos apaixonados por explorar o relacionamento entre psicologia e astrologia. Eles trocavam correspondências sobre suas respectivas disciplinas, explorando as semelhanças e diferenças entre a psicologia analítica ocidental e a astrologia védica.

O que Jung mencionou em sua carta para B.V. Raman?

Na carta de Jung para B.V. Raman, Jung compartilhou seu interesse na astrologia e como ele usava os horóscopos para obter uma visão adicional sobre a personalidade e os desafios de seus pacientes. Ele reconheceu a ligação entre os fatos psicológicos e as constelações astrológicas.

Como a relação entre Jung e a astrologia impacta a busca pelo autoconhecimento?

A relação entre Jung e a astrologia oferece uma perspectiva única para explorar o autoconhecimento. Ela permite que as pessoas considerem as conexões entre sua psique interna e os padrões cósmicos, enriquecendo a jornada de autoexploração e entendimento.

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Pedro Cabral

Graduação acadêmica em Comunicação e mais de 15 anos de dedicação à Astrologia Védica. Tudo teve início quando tive o privilégio de conhecer um ourives vaishnava, cuja inspiração me guiou. Ao longo do tempo, fui aluno de mestres indianos, lapidando com cuidado minhas habilidades. Sempre movido em enriquecer e contribuir ativamente para o florescimento da comunidade astrológica e dos amantes desta arte.

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