Yantras e Remédios Astrológicos: Em busca dos 9 Planetas

Metáfora da Aranha: Unidade na Diversidade da Espiritualidade Védica

A metáfora da aranha sentada no centro de sua teia, emitindo e reabsorvendo seus fios em círculos concêntricos, todos mantidos em um único ponto, ocorre em várias Upanishads e aponta para a base da visão de mundo da filosofia védica: a unidade na diversidade. Como um Deus Único que se expande infinitamente em diversas formas, os fios simetricamente se expandem em uma circunferência visível, e embora existam linhas divergentes entre eles e distâncias variadas a serem percorridas, todos podem ser rastreados de volta ao ponto central da teia.

O Yantras e a Essência da Filosofia Védica

Essa metáfora aparentemente simples condensa a essência do pensamento indiano: toda existência é governada por um único princípio, e o ponto de origem da consciência suprema é simultaneamente um reservatório infinito de energia coletiva, do qual tudo emana e para o qual tudo retorna. Este centro é o Um, o potencial “o Bindu“, que não apenas serve como uma ponte, mas também é a Unidade Cósmica subjacente à diversidade física e imaterial de diversos mundos.

A metáfora também alude à visão védica da estrutura do cosmos, concebido como um “holon” que cresce e se expande em círculos concêntricos e depois se dissolve em um único princípio. A expansão pode ser atômica ou infinita; não importa sua magnitude, as expansões e contrações estão interconectadas e integradas no esquema geral sustentado pelo centro.

O Yantra: Um Símbolo Sagrado e Dinâmico

O yantra é um símbolo sagrado e dinâmico que reflete os mesmos três conceitos metafísicos abraçados na analogia da aranha. É uma figura geométrica que cresce gradualmente em direção ou a partir de seu centro, em estágios, até que sua expansão ou contração esteja completa. O yantra possui várias figuras concêntricas em torno de seu centro, que continuam a se expandir ou contrair de forma tão precisa quanto a teia de uma aranha. Essas figuras não são apenas pontes entre diferentes planos, mas também símbolos de energias em desenvolvimento ou reunindo-se.

A periferia da figura é uma área quadrada com quatro portas sagradas que se abrem em direção às quatro direções cardeais. As linhas concêntricas do yantra definem seu volume e criam uma unidade rítmica, relacionando o que elas unem ou dividem ao centro, ao ponto de integração. Assim como a aranha em sua teia, o ponto bindu no centro do yantra é o centro de toda criação, a fonte radiante de energia que gera todas as formas.

A Busca Central da Espiritualidade Indiana

A busca central da espiritualidade védica é retornar a experiência total do Um. O ser humano é um viajante espiritual cujo principal objetivo, na tradição védica, é intuir a unidade do Um. O viajante, seja conduzido diretamente ao cume, faça uma pausa, tropece no caminho ou se afaste, sabe intuitivamente que todos os seus movimentos inevitavelmente o levam de volta ao ponto de partida, ao Ponto Total, à origem e ao fim de toda existência.

O Despertar do Centro Interior e a Simbologia do Yantra

Despertar o centro interior implica reunir-se em um único ponto criativo e integrar e equilibrar sua expansão em totalidade. O centrar-se é essencialmente um caminho em direção ao despertar interior. A busca deste centro é o pivô ao redor do qual a simbologia do yantra gira.

Os símbolos da arte indiana ecoam essa verdade fundamental e direcionam a jornada espiritual do homem em direção ao objetivo da transmutação. São metáforas visuais através das quais transcendemos nossa ordem material e servem como pontos cósmicos de contato que nos permitem expandir nossa conexão com a natureza em geral, acessando níveis mais elevados e unificados de experiência.

Sejam símbolos tão monumentais quanto templos hindus ou tão pequenos quanto yantras do tamanho de uma moeda, eles marcam diversas etapas na peregrinação espiritual individual. Eles oferecem lugares de descanso e apoio, onde o buscador adquire consciência da totalidade do universo e descobre sua identidade interior com o centro único e imutável, como se todo o universo estivesse condensado dentro dele. Assim, os símbolos estimulam o homem a explorar e revelar esse centro, que é um elo entre ele e o cosmos.

A História e Tradição Viva dos Yantras

O uso de símbolos místicos abstratos remonta à história antiga da Índia. Entre os artefatos escavados nos restos da Cultura Harappan (c. 3000 a.C.), encontram-se selos com designs que se assemelham a yantras. Alguns selos retratam o símbolo da suástica, enquanto outros são marcados com uma cruz, um padrão de linhas paralelas que se intersectam em um quadrado ou uma composição de quadrados sobrepostos.

Os designs dos selos, assim como os yantras, são concebidos em um quadrado cardinalmente orientado. Em períodos subsequentes, no período védico (c. 2000 a.C.) possuíam um design conspicuamente abstrato.

Yantra e o Tantra

Foi no período do Tantrismo (700-1200 d.C.), que o uso de símbolos místicos foi completamente revivido. O tantrismo marcou uma das fases mais distintas e revolucionárias da história religiosa indiana, sintetizando muitos elementos heterodoxos. Uma das maneiras pelas quais o conhecimento tântrico se diferencia da tradição não-tântrica é em seu uso intensivo de fórmulas sagradas, simbolismo e cerimonialismo.

O tantrismo é basicamente um sistema orientado para rituais. O culto ritual requer a prática de técnicas yogues e visualizações concentradas, e as composições do yantra são concebidas precisamente para atender às necessidades de tais meditações. Esses diagramas místicos são ideais para uma série de visualizações, crescendo e se desdobrando como elos, marcando estágios de consciência.

Assim, os yantras foram considerados um componente indispensável da sadhana tântrica. Todas as seitas e sub-seitas do tantrismo usam símbolos abstratos e yantras como parte de sua cerimônia de iniciação ritualística e culto diário, como um meio para alcançar o objetivo espiritual do adepto.

A literatura dos Tantras é vasta, e há muitos textos dedicados exclusivamente aos yantras. Além disso, existem vários comentários em algumas línguas seculares além do sânscrito, como o hindi, o malayalam, o tâmil e o assamês, nos quais os yantras são discutidos.

Os yantras sobreviveram em uso, embora os últimos remanescentes de sua tradição viva possam ser encontrados apenas em áreas isoladas da Índia. Eles foram transmitidos através de grupos familiares, descendências de mestre-discípulo e grupos tântricos esotéricos, como os Siddhas Tamil no sul da Índia e os Kauias na Caxemira.

Seu uso ritual e significado esotérico têm sido guardados a sete chaves dos não iniciados, e seu significado místico e associações são aprendidos com um guru espiritual sob disciplina rigorosa, que impõe um regime iogue.

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